quarta-feira, 25 de maio de 2011

Alguns Cordelistas Cearenses e seus trabalhos

e São Francisco de Canin Arievaldo Viana Lima
Poeta popular, radialista e publicitário, nasceu em Fazenda Ouro Preto, Quixeramobim-CE, aos 18 de setembro de 1967. Desde criança exercita sua verve poética, mas só começou a publicar seus folhetos em 1989, quando lançou, juntamente com o poeta Pedro Paulo Paulino, uma caixa com 10 títulos chamada Coleção Cancão de Fogo. É o criador do Projeto ACORDA CORDEL na Sala de Aula, que utiliza a poesia popular na alfabetização de jovens e adultos. Em 2000, foi eleito membro da ABLC, na qual ocupa a cadeira de nº 40, patronímica de João Melchíades Ferreira. Tem cerca de 50 folhetos e dois livros públicados: O Baú da Gaiatice e São Francisco de Canindé na Literatura de Cordel.

dé na Literatura de Cordel


                         
                                                      
                                                    

Cego Aderaldo: Desafio (mourão) - Cantoria nordestina


A partir de gravação feita na Rádio MEC, Rio de Janeiro, 1949.

Conforme registro em "A música na cantoria nordestina". Literatura popular em verso: estudos. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura / Fundação Casa de Rui Barbosa, 1973 (Coleção de textos da língua portuguesa moderna, 4), p.256-260

Canto alternado entre o Cego Aderaldo e Domingos Fonseca.

Domingos Fonseca:
Seu Aderaldo Ferreira
Vamos cantar um mourão

Cego Aderaldo:
Não há dúvida, meu amigo
Que é a minha obrigação

Domingos Fonseca:
Agora verso trocado
Pra ficar também riscado
Igualmente a um quadrão

Cego Aderaldo:
Tá direito, tem toda razão
É um trabalho bonito

Domingos Fonseca:
Eu estou fazendo isto
Com o coração contrito

Cego Aderaldo:
Olha vai de conjuntura
Para feichar, criatura
Quase que me precipito

Domingos Fonseca:
Meu verso parece escrito
Já me vem desencanado

Cego Aderaldo:
Parece o cego velho
Onde ele canta, é contado

Domingos Fonseca:
Eu pra cantar não me vejo
O carro engata e quebra o eixo
Meu mourão tá bem fincado

Cego Aderaldo:
Reto, bonito e pesado
Foi meu trabalho direitinho

Domingos Fonseca:
Por Deus, que até agora
Tem cantado com carinho

Cego Aderaldo:
Aderaldo quando canta
Dá um trino na garganta
Que parece um passarinho

Domingos Fonseca:
Quando avoa do ninho
Para não voltar jamais

Cego Aderaldo:
Me parece que ele chora
E suspira, dá um ai...

Domingos Fonseca:
Parece também que repousa
Porém ainda faz força
Que cantor novo não faz...

Cego Aderaldo:
Eu me lembro de rapaz
Quando eu era criatura

Domingos Fonseca:
De fato devia ter
Enorme mosculatura

Cego Aderaldo:
Hoje quero, mas não posso
Dói-me a carne, arde os osso
Falta até a dentadura

Domingos Fonseca:
Chegou uma criatura
Nos olhando da janela

Cego Aderaldo:
Pra ver nossa cantiga
Que nós canta pra donzela

Domingos Fonseca:
Quem será este cidadão
Que terminado este mourão
Nós vamos cantar parcela

Cego Aderaldo:
É uma cousa muito bela
Que inté tão bem tangida

Domingos Fonseca:
É o que pode chamar-se
A maravilha da vida

Cego Aderaldo:
É uma cousa muito bela
Que se cantar em parcela
A cousa tão bem conhecida

Domingos Fonseca:
Só uma velha luzida
Cantará parcela bem

Cego Aderaldo:
É a regra mais ou meno
Canta você, canta alguém

Domingos Fonseca:
Na minha lira amarela
Mas para cantar parcela
É nós dois e mais ninguém

Cego Aderaldo:
Eu já cantei muito bem
Mas hoje vivo tão cansado

Domingos Fonseca:
Assim mesmo, aonde canta
Ainda dá bom resultado

Cego Aderaldo:
Quando vou cantá parcela
Eu não me lembro mais dela
E fico acolá colocado .

Um comentário:

  1. ele enxergava o mundo
    através de sua viola
    feliz daquele que tem
    uma que lhe consola
    meu verme é fazer poesia
    namorar e jogar bola.

    pádua de queiróz

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