Poeta popular, radialista e publicitário, nasceu em Fazenda Ouro Preto, Quixeramobim-CE, aos 18 de setembro de 1967. Desde criança exercita sua verve poética, mas só começou a publicar seus folhetos em 1989, quando lançou, juntamente com o poeta Pedro Paulo Paulino, uma caixa com 10 títulos chamada Coleção Cancão de Fogo. É o criador do Projeto ACORDA CORDEL na Sala de Aula, que utiliza a poesia popular na alfabetização de jovens e adultos. Em 2000, foi eleito membro da ABLC, na qual ocupa a cadeira de nº 40, patronímica de João Melchíades Ferreira. Tem cerca de 50 folhetos e dois livros públicados: O Baú da Gaiatice e São Francisco de Canindé na Literatura de Cordel.
dé na Literatura de Cordel
Cego Aderaldo: Desafio (mourão) - Cantoria nordestina
A partir de gravação feita na Rádio MEC, Rio de Janeiro, 1949.
Conforme registro em "A música na cantoria nordestina". Literatura popular em verso: estudos. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura / Fundação Casa de Rui Barbosa, 1973 (Coleção de textos da língua portuguesa moderna, 4), p.256-260
Canto alternado entre o Cego Aderaldo e Domingos Fonseca.
Domingos Fonseca:
Seu Aderaldo Ferreira
Vamos cantar um mourão
Cego Aderaldo:
Não há dúvida, meu amigo
Que é a minha obrigação
Domingos Fonseca:
Agora verso trocado
Pra ficar também riscado
Igualmente a um quadrão
Cego Aderaldo:
Tá direito, tem toda razão
É um trabalho bonito
Domingos Fonseca:
Eu estou fazendo isto
Com o coração contrito
Cego Aderaldo:
Olha vai de conjuntura
Para feichar, criatura
Quase que me precipito
Domingos Fonseca:
Meu verso parece escrito
Já me vem desencanado
Cego Aderaldo:
Parece o cego velho
Onde ele canta, é contado
Domingos Fonseca:
Eu pra cantar não me vejo
O carro engata e quebra o eixo
Meu mourão tá bem fincado
Cego Aderaldo:
Reto, bonito e pesado
Foi meu trabalho direitinho
Domingos Fonseca:
Por Deus, que até agora
Tem cantado com carinho
Cego Aderaldo:
Aderaldo quando canta
Dá um trino na garganta
Que parece um passarinho
Domingos Fonseca:
Quando avoa do ninho
Para não voltar jamais
Cego Aderaldo:
Me parece que ele chora
E suspira, dá um ai...
Domingos Fonseca:
Parece também que repousa
Porém ainda faz força
Que cantor novo não faz...
Cego Aderaldo:
Eu me lembro de rapaz
Quando eu era criatura
Domingos Fonseca:
De fato devia ter
Enorme mosculatura
Cego Aderaldo:
Hoje quero, mas não posso
Dói-me a carne, arde os osso
Falta até a dentadura
Domingos Fonseca:
Chegou uma criatura
Nos olhando da janela
Cego Aderaldo:
Pra ver nossa cantiga
Que nós canta pra donzela
Domingos Fonseca:
Quem será este cidadão
Que terminado este mourão
Nós vamos cantar parcela
Cego Aderaldo:
É uma cousa muito bela
Que inté tão bem tangida
Domingos Fonseca:
É o que pode chamar-se
A maravilha da vida
Cego Aderaldo:
É uma cousa muito bela
Que se cantar em parcela
A cousa tão bem conhecida
Domingos Fonseca:
Só uma velha luzida
Cantará parcela bem
Cego Aderaldo:
É a regra mais ou meno
Canta você, canta alguém
Domingos Fonseca:
Na minha lira amarela
Mas para cantar parcela
É nós dois e mais ninguém
Cego Aderaldo:
Eu já cantei muito bem
Mas hoje vivo tão cansado
Domingos Fonseca:
Assim mesmo, aonde canta
Ainda dá bom resultado
Cego Aderaldo:
Quando vou cantá parcela
Eu não me lembro mais dela
E fico acolá colocado .
Canto alternado entre o Cego Aderaldo e Domingos Fonseca.
Domingos Fonseca:
Seu Aderaldo Ferreira
Vamos cantar um mourão
Cego Aderaldo:
Não há dúvida, meu amigo
Que é a minha obrigação
Domingos Fonseca:
Agora verso trocado
Pra ficar também riscado
Igualmente a um quadrão
Cego Aderaldo:
Tá direito, tem toda razão
É um trabalho bonito
Domingos Fonseca:
Eu estou fazendo isto
Com o coração contrito
Cego Aderaldo:
Olha vai de conjuntura
Para feichar, criatura
Quase que me precipito
Domingos Fonseca:
Meu verso parece escrito
Já me vem desencanado
Cego Aderaldo:
Parece o cego velho
Onde ele canta, é contado
Domingos Fonseca:
Eu pra cantar não me vejo
O carro engata e quebra o eixo
Meu mourão tá bem fincado
Cego Aderaldo:
Reto, bonito e pesado
Foi meu trabalho direitinho
Domingos Fonseca:
Por Deus, que até agora
Tem cantado com carinho
Cego Aderaldo:
Aderaldo quando canta
Dá um trino na garganta
Que parece um passarinho
Domingos Fonseca:
Quando avoa do ninho
Para não voltar jamais
Cego Aderaldo:
Me parece que ele chora
E suspira, dá um ai...
Domingos Fonseca:
Parece também que repousa
Porém ainda faz força
Que cantor novo não faz...
Cego Aderaldo:
Eu me lembro de rapaz
Quando eu era criatura
Domingos Fonseca:
De fato devia ter
Enorme mosculatura
Cego Aderaldo:
Hoje quero, mas não posso
Dói-me a carne, arde os osso
Falta até a dentadura
Domingos Fonseca:
Chegou uma criatura
Nos olhando da janela
Cego Aderaldo:
Pra ver nossa cantiga
Que nós canta pra donzela
Domingos Fonseca:
Quem será este cidadão
Que terminado este mourão
Nós vamos cantar parcela
Cego Aderaldo:
É uma cousa muito bela
Que inté tão bem tangida
Domingos Fonseca:
É o que pode chamar-se
A maravilha da vida
Cego Aderaldo:
É uma cousa muito bela
Que se cantar em parcela
A cousa tão bem conhecida
Domingos Fonseca:
Só uma velha luzida
Cantará parcela bem
Cego Aderaldo:
É a regra mais ou meno
Canta você, canta alguém
Domingos Fonseca:
Na minha lira amarela
Mas para cantar parcela
É nós dois e mais ninguém
Cego Aderaldo:
Eu já cantei muito bem
Mas hoje vivo tão cansado
Domingos Fonseca:
Assim mesmo, aonde canta
Ainda dá bom resultado
Cego Aderaldo:
Quando vou cantá parcela
Eu não me lembro mais dela
E fico acolá colocado .
ele enxergava o mundo
ResponderExcluiratravés de sua viola
feliz daquele que tem
uma que lhe consola
meu verme é fazer poesia
namorar e jogar bola.
pádua de queiróz